Mensagem para os empreendedores do futuro

23 de janeiro de 2012
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Estamos vivendo um momento de muita oportunidade e euforia, onde a cada dia o empreendedorismo se torna um caminho mais atraente e viável. Esse fenômeno tem um lado muito bom e contagioso: além de ver muita gente conversando animada, com brilho nos olhos, há a surpreendente disposição positiva de todos para apoiar ideias dos outros e até compartilhar os famosos capitais sociais, que se tornaram a moeda mais valiosa.

Comparecer a um dos múltiplos eventos de empreendedorismo digital que têm pipocado durante os últimos anos em São Paulo, pode deixar você se sentindo como se tivesse tomado um (ou vários!) shot(s) de adrenalina utópica, com a cabeça zumbindo, cheia de ideias milionárias, com a convicção de que se atingiu um grau de irmandade sem igual, que estão todos no mesmo barco, remando rumo a um objetivo em comum.

Mas a realidade é que nem no Brasil e nem no mundo estamos todos no mesmo barco – a assimetria das informações e dos recursos ainda continuam sendo uma realidade, apesar do barulho que todo esse boom econômico está gerando. E, na minha opinião, esse é o maior desafio que os nossos empreendedores do futuro terão que enfrentar: o forte e dissonante barulho que toda essa contagiante euforia e aparente oportunidade estão gerando. Porque o que recentemente chamávamos de excesso de informação se transformou em excesso de ideias, muitas vezes importadas ou emprestadas, que estão atuando como elétrons agitados, se bombardeando uns aos outros e, no processo, se multiplicando exponencialmente.

Não tenho nada contra ideias importadas ou emprestadas, muito pelo contrário, sou fiel convicta que nada melhor do que reinventar o que já foi criado. Mas é importante lembrar que empreender não é uma invenção deste século, nem do Google, do Facebook, ou de qualquer outro dessa galera bem-aventurada.

O empreendedorismo existe desde que existe a humanidade e se define como o principal fator promotor do desenvolvimento econômico e social de um país. O ato de identificar oportunidades e buscar os recursos para transformá-las em negócios lucrativos (Fonte: Wikipedia).

E é aí que está o grande desafio para os empreendedores do futuro, já que todo esse barulho pode estar interferindo na identificação das oportunidades reais para as nossas necessidades econômicas e sociais. Mas aí também está a grande oportunidade – para aqueles que tenham as competências para saber navegar através de todo esse barulho.

E quais podem ser essas competências? Na verdade não é nada do outro mundo:

Competência #1 – Saber ouvir o próprio intestino, não o do vizinho: Nada mais é que o velho autoconhecimento – quem sou eu e o que está por trás das minhas ações (ou imitações!) – e o que eu tenho para dizer ou fazer?

Competência #2 – Saber enxergar as pessoas como pessoas, não como consumidores: Soa familiar? Nada mais que um design thinking parafraseado. Será que as pessoas precisam de outro gadget ou de uma nova solução?

Competência #3 – Saber controlar a tecnologia e não ser controlado por ela: Tecnologia é como caneta, sua função é ser uma ferramenta para servir aos nossos propósitos, e não para interferir em nossas vidas, criando constantes distrações como acontece hoje.

Competência #4 – Descobrir fronteiras não exploradas dentro de casa: Felizmente, temos vários casos ‘feitos no Brasil’ para ilustrar modelos de negócios não só inovadores e inspiradores, como também relevantes soluções para importantes necessidades globais:
itsnoon.net – Numa economia de conhecimento, o que precisamos é de mais agentes de conhecimento remunerados que produzam conteúdo através de autoexpressão e criatividade e, assim, ajudem a cocriar as futuras soluções junto com as empresas.

www.orcamentonet.com.br – Uma pessoa que não tem acesso à Internet também pode se beneficiar dela através de uma plataforma que consiga notificar, via celular, ao pequeno empresário quando alguém está procurando seus serviços on-line.

www.eco2web.com.br – O mundo digital também emite carbono e compensar essas emissões digitais só requer um clique.

www.graoeducacional.com.br/?s=1J7J – Se o crowdfunding é a nova forma de viabilizar projetos através do poder das redes sociais, por que não usar essa ferramenta para viabilizar o maior projeto da vida das pessoas?

Para concluir e enfatizar a importância das competências acima mencionadas, gostaria de citar Jonathan Harris – artista e programador, que defende fortemente a importância de achar nossas vozes (ouvir os nossos próprios intestinos) dentro de um mundo cada dia mais digital, onde uma dúzia de pessoas (curiosamente, a maioria deles homens) estão ditando e desenhando o nosso comportamento humano. Segundo ele, é importante nos perguntarmos se é isso o que queremos para o nosso futuro ou se queremos ter mais voz e poder de decisão na construção do nosso futuro.

Nathalie Trutmann. Diretora de Inovação da FIAP e coordenadora do MBA em Technology Ventures – Negócios e Empreendedorismo 2.0. Graduada pela University of California, San Diego (EUA), MBA Internacional em Administração de Empresas pela INSEAD (França). Dezoito anos de experiência internacional em marketing e novos negócios nos Estados Unidos, Ásia e América Central. Sólidos conhecimentos em empreendedorismo digital e de TI. Proferiu diversas palestras sobre inovação em eventos locais e participou da comissão julgadora de concursos sobre empreendedorismo. Sócia da zinga.com.br e consultora para startups estrangeiras que querem entrar no Brasil. Autora da Plataforma Brasil20.org, que cobre perfis e experiências de empreendedores brasileiros. Coautora do livro “Empreendedorismo de Alto Impacto” (editora Évora), a ser lançado no Campus Party 2012. Membro do DWEN, grupo de mulheres empreendedoras da Dell. Diretora-fundadora do grupo executivo 85 Broads. Responsável pela parceria da FIAP com Singularity University (SU). Embaixadora da SU para o Brasil.

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