Quando a amizade rompe a barreira da corporação

10 de fevereiro de 2014
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A vida nas empresas provoca nas pessoas um estado contínuo de estresse. A realidade de não poder confiar em ninguém é colocada à prova sempre, todas as técnicas de negociação e controle emocional aprendidas por anos são testadas diariamente.

O duelo periódico com o cliente para aumentar o escopo e diminuir os custos, além de garantir a lucratividade e as facilidades para entregar o projeto, coloca frente a frente dois grandes adversários. As reuniões são duríssimas, as discussões, muitas vezes, beiram o limite do rompimento. Depois de horas de negociações, pressões e algumas ameaças de todos os lados, o equilíbrio e a sensatez acabam vencendo.

Mais do que um bom negócio para as empresas, o resultado da reunião é uma verdadeira aula de como se pode chegar ao limite de uma discussão dura, porém justa. O aprendizado não fica limitado à arte de negociar. O mais importante é o conhecimento adquirido dos seres humanos envolvidos.

Quanto mais se participa de situações estressantes, seja com pares, chefes ou clientes, mais se conhece como cada um reage sob pressão, quando são sinceros e quais utilizam técnicas poucos lícitas.

Monta-se, paulatinamente, o quebra-cabeça da personalidade por trás da máscara corporativa de cada um, separando quem é bom e quem não é, quem é confiável e quem não deve ser levado a sério.

À primeira vista, pode parecer estranho, mas o resultado desta intensidade de convivência é conhecer mais profunda e detalhadamente a personalidade e o limite das pessoas do convívio profissional.

Achamos que conhecemos os nossos amigos pessoais. Mas lembre-se de quantas amizades de longa data terminaram depois da tentativa frustrada de fazer uma sociedade. Erroneamente acredita-se que romper a barreira do pessoal suportado apenas por afinidades que raramente levaram a relação ao extremo será garantia de sucesso profissional. A prática mostra o contrário.

O que dizer de uma relação que começa no extremo do estresse, onde ambos conhecem todos os limites alheios, e rompe a barreira do convívio corporativo invadindo a vida pessoal?

Não se trata de convites para festas de aniversários dos filhos, nem de churrasco de confraternização. É levar o respeito e admiração profissional mútua para uma relação de amizade verdadeira.

Os avôs já diziam que amigos de verdade não enchem os dedos das mãos, Quantos amigos de verdade você tem e quantos destes foram feitos no ambiente de trabalho?

Se você tivesse que ligar para alguém em um momento muito difícil da sua vida e tivesse que expor seus limites, para qual amigo você ligaria?

Com certeza, para aquele que sabe dos seus limites, conhece de verdade suas piores fraquezas, que, como poucos, sabe descrever suas maiores virtudes e, sem titubear nem julgar, simplesmente esticará a mão nos seus momentos mais difíceis porque aprendeu, da mesma maneira que você, o valor de uma mão esticada quando mais se precisa dela.

 

Alberto Marcelo Parada. Professor de MBA na FIAP. Palestrante e articulista, formado em administração de empresas e análise de sistemas, com especializações em gestão de projetos e outsourcing. Experiência de 20 anos ministrando treinamentos na capacitação de executivos, média gerência e níveis operacionais; executivo com mais de 25 anos de experiência em implantação de soluções de TI para grandes empresas.

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