Como se manter empregado

6 de março de 2014
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Semelhante ao casamento, o início em um novo emprego começa com a lua de mel, onde tudo é novo e maravilhoso. É o momento do conhecimento mútuo, onde todos são solícitos e amáveis; de entender como as coisas funcionam, quais são os processos formais e informais da empresa, assim como no casamento, onde definimos os limites de cada um, o que pode e o que não pode ser feito e quem é responsável por o quê. Mas, principalmente: o que se espera da relação que acaba de nascer.

As contratações acontecem por uma necessidade específica da corporação, que pode ser um novo cliente, uma alteração de estratégia ou até uma mudança de chefia.

É muito comum o profissional ser contratado para uma atividade e ser alocado em outra bem diferente da inicial. Para os técnicos, estas mudanças estão limitadas a clientes, projetos ou chefia. Dificilmente um especialista em uma tecnologia é levado a atuar em outra que pouco ou nada conhece. O que está longe de ser verdade para quem assume um cargo de liderança ou gerência. Quantas vezes um gestor é contratado para responder por um cliente e, quando assume, é designado para coisas absolutamente diferentes?

No casamento, as coisas não são muito diferentes. Casa-se com uma expectativa e, meses depois, descobre-se que está há anos-luz do que se pretendia na época de namoro.

Manter-se vivo no matrimônio e empregado na corporação é uma tarefa que requer muita habilidade. Para os técnicos, o esforço é menor. Sua empregabilidade está muito mais ligada ao que conhece do que a quem ele conhece; sua formação e conhecimento são os grandes avalizadores do seu emprego. Mesmo tendo chefes ou clientes que não morram de amores por ele, raramente são cortados por um comportamento ou por situações políticas. Normalmente, seu risco de corte está mais ligado ao final de um projeto ou de uma operação.

A dica para este profissional é manter-se atualizado e plugado nas oportunidades do mercado. Normalmente elas surgem através da rede de relacionamento dos pares ou dos antigos gestores.

Os técnicos são como as pessoas que namoram. Possuem uma boa aparência, são inteligentes e as oportunidades de relacionamento sem grandes compromissos e com muitas emoções são enormes.

Para os profissionais que, semelhante aos casados, possuem outro tipo de responsabilidade, sua segurança profissional não está apenas no seu conhecimento. Ela é ligada fundamentalmente à política de boa vizinhança. Como no casamento, garantir o emprego é saber viver bem com os amigos e familiares do cônjuge. Uma política mal feita pode representar, por melhor que se seja e por mais desempenho que se tenha, o final da linha em uma relação.

No mundo corporativo não é diferente. Um excelente trabalho no cliente, uma venda estrondosa ou uma lucratividade acima da esperada em um projeto não são, necessariamente, garantia de tranquilidade. Nada adianta ser um high potency se a relação interpessoal com quem decide sua vida na corporação é ruim.

Quantos casos de profissionais medíocres bem relacionados você conhece que se mantém no emprego por serem bem relacionados com quem decide? É semelhante àquele cunhado chato que ninguém na família gosta, mas que todo mundo engole porque é queridinho de alguns.

Na verdade, para quem quer ter sucesso na vida corporativa como gestor tem que desenvolver a habilidade da boa vizinhança. Isso não quer dizer ser “puxa saco”, pelo contrário. Estes são os primeiros a serem cortados. No mundo corporativo, tem que estar perto de quem decide e saber como ganhar a sua confiança. Até porque maus resultados se justificam, mas falta de confiança não.

 

Alberto Marcelo Parada. Professor de MBA na FIAP. Palestrante e articulista, formado em administração de empresas e análise de sistemas, com especializações em gestão de projetos e outsourcing. Experiência de 20 anos ministrando treinamentos na capacitação de executivos, média gerência e níveis operacionais; executivo com mais de 25 anos de experiência em implantação de soluções de TI para grandes empresas.

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