Criando novos futuros

22 de abril de 2013
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Já faz algum tempo que estou cansada da palavra “inovação”. Talvez seja porque a temos usado tanto que ela perdeu um pouco do brilho que invocava no começo, quando era essa coisa exótica que aparecia muito de vez em quando. Ou talvez seja porque o termo se desgastou e foi engolido pelo sistema de powerpoints e formatos predeterminados que adoramos usar para classificar o novo.

Mesmo assim, ainda me lembro da emoção que senti na primeira vez em que ouvi que existia um cargo chamado diretor de inovação. Lá estava eu na minha passagem pelo intrigante mundo do headhunting quando apareceu uma pessoa (Marcelo Nakagawa) para essa vaga nova e promissora. Lembro-me como se fosse ontem do jeito descolado e visionário, da tremenda bagagem que ele tinha, e da sua vontade e disposição para compartilhá-la. Uau! Existia uma posição assim? Que tipo de trabalho era esse que atraía profissionais tão legais e antenados como ele?

Fiquei flechada, sonhando com o dia em que eu pudesse exercer uma função dessas. Por sorte, não demorou muito. A crise financeira pôs fim à minha precária carreira em headhunting e logo, como se fosse um ato de mágica, me ofereceram a posição de diretora de inovação na FIAP – Faculdade de Tecnologia da Informação. Não havia descrição do cargo, não havia métricas, nem equipe (só o time de marketing liderado por meu querido Ivan Costa). A única coisa que sabia é que tinha que procurar iniciativas que tornassem a experiência dos alunos na FIAP transformadora e encantadora.

Foi um momento de muito entusiasmo (eu tinha que me familiarizar com coisas legais como design thinking, IDEO, The Hub e TED), mas também de muita incerteza. Não havia um caminho definido e tínhamos que inventar cada passo. “Inovar é lidar com a nebulosidade para criar o novo”, me disse Reinaldo Pamponet, grande amigo e fundador da It’s Noon, quando o encontrei pela primeira vez e confessei que não sabíamos muito bem por onde estávamos indo.

E assim foi. Nebulosidade traz nebulosidade, e fomos inserindo pouco a pouco o que considerávamos serem os ingredientes de encantamento dentro do universo da FIAP e seus estudantes: Singularity University, Startup Weekend, Brasil20, Call to Innovation, TEDxEmpreendedores do Futuro, espaços de coworking e por aí vai.

Esses dias, já quase quatro anos depois, estava tentando entender por que o cargo de diretora de inovação estava me incomodando e por que não conseguia mais englobar os próximos passos totalmente desconhecidos e em beta que queremos dar. A única coisa que sabemos é que queremos continuar criando experiências encantadoras e transformadoras, mas o “Como?” continua sendo uma pergunta gigantesca.

 “Acho que não mudou muita coisa na sua descrição de cargo, certo?”, me perguntou Leda Arashiro, nossa gerente de comunicação e meu anjo da guarda – é ela quem revisa meus textos para evitar os desastres em portunhol. Na verdade, não. Acrescentei um parágrafo a mais no meu perfil do LinkedIn, falando sobre como queremos trabalhar para oferecer experiências mágicas (mudanças químicas internas, como pequenas explosões de felicidade) para nossos alunos. Nada que não esteja nas propostas de design thinking ou de WOW! Service da Zappos.

 “Não, na verdade não, mas imagina tudo o que agora é possível com um título como Chief Magic Officer!” respondi, feliz com minha nova e desconhecida responsabilidade.

Nebulosidade, aqui vamos nós!

Nathalie Trutmann. Chief Magic Officer (CMO) da FIAP, é responsável por identificar e criar experiências encantadoras que possam oferecer, aos alunos, oportunidades de crescimento, transformação e evolução em sua vida pessoal, acadêmica e profissional. Graduada pela University of California, San Diego (EUA), MBA Internacional em Administração de Empresas pela INSEAD (França). Dezoito anos de experiência internacional em marketing e novos negócios nos Estados Unidos, Ásia e América Central. Sólidos conhecimentos em empreendedorismo digital e de TI. Proferiu diversas palestras sobre inovação em eventos locais e participou da comissão julgadora de concursos sobre empreendedorismo. Sócia da zinga.com.br e consultora para startups estrangeiras que querem entrar no Brasil. Autora da Plataforma Brasil20.org, que cobre perfis e experiências de empreendedores brasileiros – e do livro “Manual para Sonhadores” (editora Leya) e coautora do livro “Empreendedorismo de Alto Impacto” (editora Évora). Membro do DWEN, grupo de mulheres empreendedoras da Dell. Diretora-fundadora do grupo executivo 85 Broads. Responsável pela parceria da FIAP com Singularity University (SU). Embaixadora da SU para o Brasil.

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