2013 – Ano da Contabilidade no Brasil

23 de setembro de 2013
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Ela é madura, singela, equilibrada, bonita, moderna e se for bem tratada nunca vai te trair…

Leitor, essa não é uma homenagem à mulher amada, que sem dúvida mereceria muitas.  Quero, nesse espaço, aproveitar o ano de 2013 – eleito como o ano da Contabilidade no Brasil – para homenagear a Contabilidade, que é o pilar, a base, o retrovisor e o farol de todo gestor, especialmente os gestores financeiros.

Madura, ela surgiu na Itália há mais de seis séculos e vem sendo aperfeiçoada por praticantes, estudiosos e pesquisadores. Cresceu e amadureceu junto com nosso sistema econômico numa relação simbiótica, a ponto de hoje ser difícil conceber o mercado de capitais e nosso sistema econômico sem a Contabilidade.

Singela, pois seu marco inicial coincide com o surgimento das partidas dobradas na Itália renascentista. O matemático Luca Pacioli publicou, em 1494, a “Summa de Arithmetica”,  um compêndio de 600 páginas que no final do primeiro volume trazia uma seção intitulada   “Particularidades dos Reconhecimentos e Escritos”, na qual o método singelo das partidas dobradas foi introduzido.  Por ele, todo evento econômico precisa ser registrado no patrimônio da entidade como um crédito e um débito no mesmo valor.

Equilibrada, visto que seus axiomas, princípios e métodos, aplicados com cuidado e de forma íntegra, refletem a posição patrimonial e a criação de valor pela entidade.

Bonita,  como toda ciência derivada da matemática, sua lógica desafia e ao mesmo tempo conforta.  Ao representar os eventos econômicos com base na intenção dos agentes, ela atenua a dureza dos números e coloca a alma e o cérebro do Contador/Gestor na avaliação.

Moderna, apesar de centenária, ela se mantém jovem e útil.  O Frei Luca Pacioli, ao defender o uso do método criado por ele, escreveu em relação aos mercadores do renascimento que “seria impossível para eles conduzir seus negócios sem descanso, e que suas cabeças estariam sempre confusas sem a aplicação do método”.  Ontem e hoje, em tempos de “Big Data”, parece que o excesso de transações e dados só é domado pela Contabilidade e seu método.

Fiel, se bem aplicada e utilizada apenas para retratar eventos econômicos reais, ela não vai omitir ou deturpar valores e a situação econômica da entidade que avalia.

Da mesma forma que não se diz assassinato “bélico”, não existem escândalos ou fraudes “contábeis”.  O que existe são assassinatos cometidos por humanos com o uso de uma faca, por exemplo, que a bem da verdade foi concebida com o objetivo de ser útil ao homem e não para matar.

Com os escândalos e fraudes nos negócios passa o mesmo, eles são praticadas por pessoas que se utilizam da Contabilidade e de seu método para enganar ou omitir informações, bem diferente do objetivo para o qual ela foi criada, que é o de refletir a posição patrimonial e econômica de uma entidade ou evento, apoiando melhores decisões econômicas.

Então, caro Contador, sempre que perguntado sobre sua profissão não hesite. Diga com orgulho que você é Contador com “C” maiúsculo, que você tem uma das profissões mais antigas da humanidade, é discípulo de Luca Pacioli, que foi professor de ninguém menos que Leonardo Da Vinci e, finalmente, que você pratica a contabilidade das partidas dobradas, considerada por Goethe, um importante romancista, dramaturgo e filósofo alemão, como uma das melhores invenções da humanidade.

 

Clayton Nogueira – Um Administrador apaixonado pela Contabilidade.

 

Diretor financeiro para a América Latina da Valspar Corporation. Mestre em Controladoria pela USP. MBA em Marketing pela ESPM-SP. Graduado em Administração de Empresas. Professor de Planejamento e Controle na FIAP e na FIA-USP. Conselheiro fiscal e de administração certificado pelo IBGC. Conselheiro fiscal da Abrafati. Diretor vogal no IBEF-SP.

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