A Geração Y suporta pressão?

4 de novembro de 2013
Compartilhe

A característica dos jovens que fazem parte da geração Y é bem diferente das gerações passadas. Em sua maioria, esses jovens demoram mais para sair da casa dos pais, passam mais tempo nos bancos das escolas e retardam ao máximo a entrada no mercado de trabalho. Além disso, suas relações interpessoais são tão rápidas (semelhante ao tempo que demoram a mudar de opinião ou para aprender algo novo), sua facilidade de interagir com as tecnologias que mal  acabaram de nascer dá a impressão de que foram apresentados a elas há muito tempo; odeiam manuais, preferem consumir vídeos explicativos, dificilmente passam algum tempo resolvendo problemas, utilizam-se de ferramentas de busca e encontram as soluções em algum fórum.

Quando iniciam no mercado de trabalho, a velocidade em querer subir no organograma e em querer mudar de departamento é a mesma; conhecem coisas novas e enjoam das antigas com a mesma facilidade; dificilmente reagem bem à cobrança e não é raro saírem da empresa na primeira oportunidade de ganhar um pouco mais ou apenas pelo simples desafio de um projeto que, muitas vezes, dura poucos meses; possuem uma enorme facilidade em negociar, interagir e se relacionar virtualmente. Mas o mesmo não acontece com toda essa desenvoltura quando o relacionamento é olho no olho.

Tudo o que foi descrito anteriormente leva alguns estudiosos menos deslumbrados (e pouco conservadores) a concluir que o excesso de proteção dispensada pelos pais (pertencentes à geração Coca-Cola) a estes jovens deu origem a uma geração mimada e protegida por excesso, fazendo com que eles tenham problemas em administrar situações adversas.

Por isso fica a pergunta: será mesmo que a geração Y não suporta pressão?

Se concordarmos com todas as afirmações acima, chegaremos facilmente à conclusão que a resposta é sim, não suportam!

Porém, se olharmos por outro lado, será que é realmente necessário perder horas para encontrar a solução de um problema, sabendo que alguém, em algum lugar do mundo, já passou pela mesma situação e pode nos ajudar a ganhar tempo ao invés de perdê-lo? Será que o fato de ter a necessidade de conhecer tudo que está ao seu redor, com o objetivo de poder usar para usufruir mais da vida, passando mais tempo fazendo o que gosta e menos tempo trancado dentro de um escritório é sinônimo de falta de resistência?

Que o mundo é outro e vem se transformando rápida e diariamente não é novidade para ninguém; que as gerações que ainda insistem em olhar se o funcionário chegou e saiu no horário ainda é quem dita a maioria das regras na maior parte das empresas também é verdade. Mas será que ter mais tempo para se fazer o que gosta ao invés do que o chefe gosta é pecado?

A resposta para tudo isso quem dará é o tempo e os desafios que esta geração terá de enfrentar assim que as gerações passadas saírem do comando e eles tiverem (querendo ou não) que assumir o manche e fazer com que o mundo continue caminhando.

Qual será o desafio que a geração que parece ter uma fome de conhecimento sem fim terá quando chegar aos quarenta? Quais serão os sonhos e desafios da meia idade? Como será o comportamento dos filhos da geração Y (netos da geração Coca-Cola)? Eles olharão para os lados e perceberão que os pais, muitos inteiros e ativos graças aos avanços da medicina, não estarão mais com a mesma vontade de ajudar, até porque também aprenderam que viver e aproveitar a vida é algo muito bom; terão de se virar, criar e educar seus filhos, desenvolver e consolidar a competência da rotina, postura e referência para não fazerem com seus filhos aquilo que, com certeza, não gostavam que seus pais faziam com eles.

Olhando por cima do muro do tempo para trás, até onde nossos olhos alcançam, e lembrando as histórias dos nossos avós, e depois virando a cabeça em direção ao futuro e nos apoderando de todas as pesquisas e “achismos” que somos capazes, concluiremos, sem muita dificuldade, de uma velha canção de alguém que nos deixou há muito tempo, mas que sua voz e sua letra continuarão ecoando em nossas mentes e nas mentes de muitas gerações, e de quão  certa está quando fala que os jovens mudariam tudo e revolucionariam o mundo. O fato é que cada geração, à sua maneira, mudou e revolucionou o mundo, porém:

Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais!

 

Alberto Marcelo Parada. Bacharel em Administração de Empresas e Análise de Sistemas, com especialização em Gestão de Projetos pela FIAP. Já atuou em empresas como IBM, CPMBraxis, Fidelity, Banespa, entre outras. Atualmente, integra o quadro docente nos cursos de MBA da FIAP. Diretor de Projetos Sustentáveis da Sucesu-SP.

Nosso site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.

Prosseguir