Só você pode empreender seus sonhos

12 de dezembro de 2013
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Como você pode empreender o negócio dos seus sonhos e quanto disso é um sonho mesmo?

Para responder a esta pergunta, é preciso refletir sobre a empresa em que você atua neste momento. Basicamente, há três tipos de empresas para se trabalhar, explicava um grande chefe que tive.

O primeiro tipo de empresa é aquela em que você acorda de manhã, coloca as mãos no rosto e pensa: “Que chato! Por que eu preciso ir trabalhar hoje?”. O segundo é o tipo de empresa em que você acorda, não pensa em nada e sai para trabalhar. E o terceiro é aquele em que você acorda, coloca as mãos no rosto e pensa: “Por que é que eu fui dormir ontem? Estava tão legal o que estava fazendo… ”

Se você não se lembrar deste texto na próxima manhã em que sair para trabalhar, você, com certeza, trabalha no segundo tipo de empresa! Mas, se lembrar, espero que abra um sorriso com a pergunta que fará a si mesmo. Neste caso, é provável que esteja empreendendo ou atuando ao lado de um grande empreendedor. Estes empreendedores ambicionam organizações grandiosas, que independentemente do seu tamanho, têm grandes propósitos.

Foi isso que atraiu o jovem Steve Wozniak para a HP em 1973. Bill Hewlett e David Packard não só criaram o mito da empresa de garagem, onde a HP nasceu em 1939, como até o próprio Vale do Silício, já que a história de ambos é replicada até hoje na região. Eles também foram os responsáveis pelo desenvolvimento de um tipo de cultura organizacional que hoje é aclamada em empresas como Google, Ideo e Facebook.

Se o Google hoje permite que seus colaboradores utilizem parte do tempo para desenvolver projetos próprios, há 60 anos, Bill e David davam folgas às sextas-feiras para que seus engenheiros pensassem em novas ideias. Se agora a Ideo defende que é preciso errar cedo para ter sucesso rápido, naquela época, eles perdoavam e até incentivavam as falhas dos seus colaboradores. “Se você não estiver cometendo muitos erros, provavelmente está inovando pouco” – costumavam dizer.

E se agora Mark Zuckerberg, do Facebook, tenta ser um cara bacana, tratando seus funcionários como amigos, Bill e David já faziam questão de ter uma empresa literalmente de portas abertas para que todos tivessem acesso a todos e a tudo em ambiente de ajuda mútua.

A gentileza dos dois era tamanha que, certa vez, já consagrados como empresários de sucesso, Bill recebeu a ligação de um adolescente de 12 anos que pedia uns componentes eletrônicos para seu projeto escolar da 8ª série. Ele tinha achado o número na lista telefônica e agora perguntava se aquele senhor era o dono da HP. Dias depois, Steve Jobs recebia em sua casa as peças que tinha pedido.

Por tudo isso, Steve Wozniak amava trabalhar na HP. Gostava tanto que ia para casa jantar e depois voltava para a empresa à noite. Apesar disso, Wozniak se juntou àquele rapaz com cara de adolescente da 8ª série para fundarem a Apple. Afinal, Jobs dizia que não pensava em ser o homem mais rico do cemitério. Queria ir para a cama à noite acreditando que tinha feito algo maravilhoso naquele dia. Era o mesmo discurso de Bill e David quando fundaram a HP.

Eles queriam construir uma empresa que contribuísse para um mundo melhor, não em criar um império ou uma fortuna fantástica. E assim, Jobs e Wozniak dormiam pouco, mas se divertiam muito criando produtos que até hoje tiram o sono de muita gente.

Você não precisa trabalhar nestas empresas para se sentir feliz e motivado todas as manhãs. Se abrir um sorriso na próxima manhã em que tiver que sair para trabalhar, já atua em uma empresa assim. Mas se você ainda sonha com uma empresa destas, lembre-se que o primeiro passo para realizar seu sonho é… acordar!

Marcelo Nakagawa é diretor de empreendedorismo da FIAP, além de atuar como professor de empreendedorismo e inovação nas principais escolas de negócio do país. É membro do conselho da Artemísia Negócios Sociais e da Anjos do Brasil, mentor do Instituto Empreendedor Endeavor, coordenador acadêmico do Movimento Empreenda da Editora Globo, colunista do Estadão PME e da revista Pequenas Empresas, Grandes Negócios. É pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Gestão Tecnológica e Inovação da USP. Possui mais de 20 anos como executivo, tendo atuado nas indústrias financeira/bancária, consultoria empresarial, venture capital, inovação e private equity. É doutor em Engenharia de Produção (POLI/USP), mestre em Administração e Planejamento (PUC/SP) e graduado em Administração de Empresas. Autor do livro Plano de Negócio: Teoria Geral (Editora Manole, 2011) e co-autor dos livros Engenharia Econômica e Finanças (Elsevier, 2009), Sustentabilidade e Produção: Teoria e Prática para uma Gestão Sustentável (Atlas, 2012) e Empreendedorismo inovador: Como criar startups de tecnologia no Brasil (Evora, 2012).

 

 

 

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