Qual o limite de sua carreira técnica?

14 de julho de 2014
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Mesmo tendo pretensões de CEO, todos os profissionais que adentram na carreira de TI são, necessariamente, técnicos e analistas. Ninguém entra, por mais que sonhe em fazê-lo, como gestor.

Muitos rapidamente buscam, para subir no organograma, todas as maneiras, sejam lá quais forem, utilizando práticas, inclusive de “puxar o tapete” de quem estiver no seu caminho. Mas outros tantos que entram em TI (e ainda são a maioria) gostariam de continuar a ser técnicos eternamente.

Eles amam configurar um roteador, desenvolver uma tela, fazer o levantamento de um processo e mais uma série gigantesca de atividades desenvolvidas pelos técnicos. Afinal, essa relação de tranquilidade que se tem interagindo com a máquina sem ter que falar com gente é única. A máquina que está com um problema hoje apresentará o mesmo problema no dia seguinte. Já as pessoas…

Os clientes oscilam; o chefe sempre quer mais que o possível e os liderados são eternos insatisfeitos. Em uma rápida análise, a conclusão é fácil: ser técnico é a coisa mais maravilhosa do mundo. Mas, como tudo que é bom, chega o momento que termina.

Normalmente, a vida de técnico acaba quando a idade vai chegando e, com ela, a experiência de já ter resolvido diversos problemas. Além disso, fica mais barato deixar o profissional ensinar vários iniciantes que irão atuar em diversos problemas do que deixá-lo atuar em um único problema. 

A experiência de tantos anos vivendo em vários clientes – uma hora implantando, em outra, resolvendo problemas – deve ser utilizada para aumentar as vendas da empresa e torna-se sinônimo de prejuízo deixá-lo alocado em um único cliente. Outra situação determinante para o fim da carreira é quando o valor pago mensalmente para um profissional com muitos anos de experiência fica alto demais e, consequentemente, não cabe mais em um único projeto.

Aí não tem jeito: ou vira gerente ou, como acontece em muitos casos quando o profissional insiste em se manter técnico trabalhando em empresas que não comportam o seu tamanho, acabam na rua.

Mas sendo técnico, muitos dirão: sua empregabilidade é alta e logo estará recolocado. Isso é uma meia verdade. Se ele encontrar uma empresa que comporte o seu salário sim, caso contrário (e isso vem ocorrendo com uma frequência cada vez maior) o profissional é obrigado a baixar suas expectativas financeiras para conseguir se recolocar.

Para que isso não aconteça e ele continue a ter seus rendimentos subindo, sua única saída para estas situações é virar gerente.

Essa é outra meia verdade. Existe um caminho para continuar a ser técnico. Mas, para trilhá-lo, é muito importante que o técnico tenha consciência da sua carreira, vontade e principalmente comece o mais rápido possível a planejar o seu futuro.

É muito comum escutar, em apresentações de RH ou em palestras sobre carreiras, que a carreira Y existe e que diversos técnicos ganham mais que gerente. Isso acontece? Sim, mas cuidado.

Empresas que possuem carreira Y de fato são aquelas que fabricam produtos e necessitam de especialistas para suportá-los nas mais diversas situações. Usualmente são as empresas grandes que conseguem manter uma estrutura confiável de carreira Y. As restantes, na maioria das vezes prometem, mas raramente cumprem.

Para quem deseja se eternizar como técnico precisa, o quanto antes, identificar o que gosta de fazer e, principalmente, as empresas que de fato possuem produtos (de preferência globalizados e que necessitem de profissionais altamente capacitados) e, em seguida, como fazer para conseguir uma oportunidade por lá.

Não há duvida de que muitos questionarão esta afirmação. Então façamos uma análise: de todas as empresas que você conhece que não são fabricantes, quantas possuem profissionais de altíssimo nível técnico em seus quadros? Poucas!

Em uma situação hipotética: um grande cliente com um problema em um determinado produto, que em cada minuto de sua indisponibilidade acarretará milhões em prejuízo e o principal executivo de TI, precisa tomar a decisão entre chamar o suporte do fabricante ou o de um autorizado pelo fabricante. Quem você acha que ele irá chamar para resolver o problema?

 

Alberto Marcelo Parada. Professor de MBA na FIAP. Palestrante e articulista, formado em administração de empresas e análise de sistemas, com especializações em gestão de projetos e outsourcing. Experiência de 20 anos ministrando treinamentos na capacitação de executivos, média gerência e níveis operacionais; executivo com mais de 25 anos de experiência em implantação de soluções de TI para grandes empresas.

 

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