Por que não pensei nisso antes?

1 de dezembro de 2014
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Alguns negócios são tão simples e fazem tanto sucesso que levam várias pessoas a se questionar: por que não pensei nisso antes?

Para muitos, trata-se apenas de uma colher de manteiga, duas latas de leite condensado e quatro colheres de chocolate em pó. Mas seria possível abrir uma loja só de brigadeiros? Para outros, são singelos três ovos, uma lata de leite condensado, a mesma medida em leite e três colheres de açúcar. Mas daria para abrir uma loja só de pudins? E que tal três xícaras de leite, duas xícaras de farinha de trigo, duas xícaras de açúcar refinado, uma xícara de manteiga e quatro ovos? Pouco mais de meia hora depois, o cheirinho do bolo de leite se misturaria a outros quitutes. Huumm…. Uma loja só de bolos caseiros?

Todas as receitas acima você já conhece. Mas talvez não tenha feito as mesmas perguntas com a devida seriedade. E, talvez por isso, não tenha chegado às respostas.

SAIBA MAIS

Admiro muito Juliana Motter, não só porque ela ousou deixar um emprego para realizar seu doce sonho de vida, mas porque consegue dividir sua criatividade, doçura e generosidade com os amigos. O negócio que montou promove a amizade entre as pessoas. Maria Brigadeiro, seu apelido de infância, inventou o conceito de lojas de brigadeiros, mas seu maior mérito é continuar fiel aos seus valores nos relacionamentos que estabelece com fornecedores, parceiros, colaboradores, amigos clientes ou clientes amigos.

Ao provar os pudins preparados pela Daniela Aliperti e Fernanda Nader, mesmo os mais desatentos descobrirão que elas não vendem doces, mas momentos de alegria interior. Na Fôrma de Pudim, você até ganha a fôrma – daí, pode se aventurar na cozinha e chegar a um pudim gostoso. Mesmo assim, ficará com saudades dos pudins de pistache, avelã, café, brigadeiro e doce de leite – além, é claro, do tradicional, marca registrada da empresa.

Não é preciso quebrar a cabeça para entender qual a mágica utilizada nos bolos tradicionais preparados pela Renata Friolli. Ingredientes de alta qualidade e carinho entram no preparo dos bolos caseiros que vêm deliciando a cidade de São Paulo nos últimos anos. Não por acaso, a empresa da Renata se chama Bolo à Toa. Era, é ainda é, um negócio despretensioso, mas se tornou um sucesso. A única explicação é o desejo das pessoas por uma existência mais simples, sem os chantilis e ganaches da vida moderna.

Agora pode ser uma boa hora para desligar o seu celular e ficar à toa saboreando um singelo pedaço de bolo. Mas não se pergunte: “Por que não pensei nisso antes?” Em vez disso, faça a seguinte pergunta: “Por que não tive a coragem fazer as perguntas certas e buscar as respostas antes?” Lembre-se de que todas as boas ideias existirão algum dia, com ou sem você!

 

Marcelo Nakagawa é diretor de empreendedorismo da FIAP, além de atuar como professor de empreendedorismo e inovação nas principais escolas de negócio do país. É membro do conselho da Artemísia Negócios Sociais e da Anjos do Brasil, mentor do Instituto Empreendedor Endeavor, coordenador acadêmico do Movimento Empreenda da Editora Globo, colunista do Estadão PME e da revista Pequenas Empresas, Grandes Negócios. É pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Gestão Tecnológica e Inovação da USP. Possui mais de 20 anos como executivo, tendo atuado nas indústrias financeira/bancária, consultoria empresarial, venture capital, inovação e private equity. É doutor em Engenharia de Produção (POLI/USP), mestre em Administração e Planejamento (PUC/SP) e graduado em Administração de Empresas. Autor do livro Plano de Negócio: Teoria Geral (Editora Manole, 2011) e co-autor dos livros Engenharia Econômica e Finanças (Elsevier, 2009), Sustentabilidade e Produção: Teoria e Prática para uma Gestão Sustentável (Atlas, 2012) e Empreendedorismo inovador: Como criar startups de tecnologia no Brasil (Evora, 2012).

 

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