Da convergência digital para a convergência de negócios

9 de novembro de 2015
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O mundo vive uma revolução: a convergência digital. Essa expressão significa uma mudança nas organizações, que se dedicam a desenvolver equipamentos e programas capazes de converter texto, som e imagem em sinais digitais passíveis de serem transmitidos e recuperados por qualquer equipamento: de telefones celulares a pagers e, de grandes computadores a notebooks.

Com o objetivo de permitir essa integração, os países desenvolvidos deram prioridade ao investimento técnico: infraestrutura, integração das redes de comunicações rápidas, interoperabilidade (troca de arquivos entre diversos equipamentos), segurança para serviços financeiros e protocolos para grande volume de transferência de dados para sistemas de manufatura globais distribuídos ao redor do mundo. Não por acaso, uma série de iniciativas denominadas GII-GIS (Global Information Infrastruture – Global Information Society), voltadas para dar suporte físico a essas redes, foram feitas pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (http://www.oecd.org/dataoecd/50/7/1912224.pdf).

A demanda por soluções inovadoras reposicionou as prioridades que, aos poucos, passaram de técnicas para as de desenvolvimento de serviços e conteúdos. As empresas começaram a viver um novo desafio: como direcionar a convergência digital para convergência de negócios. Por convergência de negócios entenda-se um desenho mais ousado, com um ciclo de desenvolvimento de produtos mais rápido cuja base é o conhecimento. As empresas competem na inovação, na inteligência (diversas funcionalidades para os clientes) e no tempo de lançamento. Isso quer dizer: lançar primeiro, criar referências na cabeça do consumidor (particularmente os mais jovens), segmentar produtos, integrar cada vez mais rápido os recursos de processamento de jogos, telecomunicações e processadores. A inteligência de negócios de tecnologia no século XXI exige a formação de agências – organizações formadas por representantes de empresas, instituições de pesquisa, fundos de fomento e Governo – voltadas para a integração do conhecimento entre as organizações envolvidas.

O Japão foi um dos pioneiros na constituição deste tipo de agência. O Ministério de Negócios Internos e Comunicações japonês identifica o potencial das tecnologias emergentes entre consumidores e alerta os empresários para as mudanças necessárias, além do próprio governo e das Universidades para que eles possam gerar redes de pesquisa capazes de aproveitar as oportunidades identificadas. Essas são integradas em uma vasta teia de negócios para desenvolvimento de software e hardware. Em 2005, a agência japonesa gerou um relatório que identificou quatro ferramentas de redes desejadas pelos consumidores: etiquetas de radiofrequência, cartões inteligentes, sistemas de posicionamento (GPS) e novos equipamentos compatíveis com as redes.

As etiquetas de radiofrequência colocadas em qualquer objeto, emitem uma freqüência que permite localizá-los através de diversas tecnologias. O país cria novas aplicações para essas etiquetas para aumentar a escala de uso, reduz os seus preços para impor o seu modelo ao mercado global. Os cartões inteligentes ao serem conectados aos celulares permitem: pagamento de tickets (transportes públicos, máquinas de venda, metro, etc), check in em aeroportos e transações bancárias. As funções de posicionamento estão ligadas a outros serviços como os de roteiros alternativos, apoio a viagens e anúncios patrocinados de hotéis e serviços turísticos. Novos componentes compatíveis com as redes envolvem os equipamentos e os programas que integram operadoras de telecomunicações, sites de e-commerce e serviços relacionados.

Fica claro o porquê do termo ferramenta, pois cada uma delas funciona como uma das bases para uma teia que gera novos negócios eletrônicos sobre como o consumidor se posiciona diante de produtos e serviços.

A segunda pesquisa orienta o empresário sobre as tendências de competição do mercado, através do emprego de tecnologias de comunicação e informação. Apresenta os principais números de investimento, permitindo que o empresário se localize em relação a eles: está acima, no mesmo nível e ou abaixo.

O relatório japonês estimula que as empresas repensem as relações com  fornecedores, elaborarem projetos conjuntamente, qualifiquem trabalhadores e inovem mais rapidamente que os concorrentes. Esse informa o percentual das empresas que empregam novas tecnologias em processos básicos de gestão: desenvolvimento, sistemas de compras, administração de estoques, distribuição física, Marketing, serviços aos clientes, treinamento, compartilhamento de informações e salários. Por último, disponibiliza os dados equivalentes dos EUA e Coréia para melhorar a visibilidade da competitividade do país.

Em síntese, a convergência de negócios revê o conceito de tendência de produtos e serviços para cenários mais amplos de relacionamento com o cliente que integram estratégia, inovação e conhecimento desde os desejos do mercado até o interior das empresas com uma velocidade ainda maior.

*Demerval Luiz Polizelli é professor da FIAP nas disciplinas de TGA, Sociologia, Teoria dos Sistemas de Informação, Planejamento Estratégico. Graduado em Ciências Sociais pela USP e Economia pela PUC/SP, é especialista em Comunicações pela Escola de Comunicações e Artes ECA-USP, mestre em Ciência Ambiental pela USP, Doutor em Sistemas de Aprendizagem pela UNICAMP e Pós-Doutor em Administração pela FEA-USP. Instrutor de treinamento em empresas, consultor de treinamento e pesquisa de mercado. Possui 16 trabalhos publicados.

 

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