Resumo
44% das competências essenciais para o trabalho vão mudar nos próximos cinco anos. Você pode se antecipar às demandas ou ficar para trás. Para entender quais habilidades importarão, já em 2026, vale observar os macro movimentos que moldam o mercado de TI e a forma como as empresas estruturam seus times e suas estratégias. Começar agora fará toda a diferença!
Artigo escrito por Andréa Paiva – Diretora de Pós-Graduação Digital na FIAP. Graduada em Tecnologia pela FATEC SP, Doutora em Administração pela FEA-USP, Especialista em Empreendedorismo pela Babson College e em Gestão de Dados pelo MIT.
Com a rápida evolução tecnológica, o mercado de TI está em constante transformação. Para profissionais se manterem competitivos, é vital antecipar quais serão as competências mais valorizadas em 2026 — e agir hoje para adquiri-las ou desenvolvê-las.
Por que antecipar as habilidades de TI é essencial?
Vivemos em um cenário de ritmo acelerado de mudanças:
automação, inteligência artificial, conectividade em rede e big data. Tudo isso exige não apenas dominar tecnologias, mas saber aprender, reaprender e se reinventar continuamente. Segundo o relatório Future of Jobs Report 2025 do World Economic Forum (WEF), 44% das competências essenciais para o trabalho vão mudar nos próximos cinco anos.
Se os profissionais não anteciparem essas demandas, haverá riscos de descompasso entre o que o mercado exige e o que conseguem entregar — além da possibilidade real de estagnação. Por isso não surpreende que o LinkedIn Workplace Learning Report 2025 mostre que 91% dos profissionais entrevistados acreditam que a aprendizagem contínua é mais importante do que nunca para o sucesso na carreira.
Em outras palavras: não basta saber TI, é preciso saber aprender TI e adaptar-se constantemente. Para quem já está numa carreira intermediária, essa antecipação torna-se um diferencial competitivo.
Além disso, profissionais que mantêm uma curva de aprendizado ativa tendem a se beneficiar mais da mobilidade interna, oportunidades de promoção e de transição. O “mindset de lifelong learning” deixa de ser apenas ideal e torna-se uma necessidade urgente.
Tendências globais que impactam a demanda em TI
Para entender quais habilidades importarão em 2026, vale observar os macro movimentos que moldam o mercado de TI e a forma como as empresas estruturam seus times e suas estratégias.
1. Aceleração tecnológica → Prioridade de TI
De acordo com o World Economic Forum, habilidades tecnológicas crescerão em importância mais rapidamente do que qualquer outro tipo nos próximos cinco anos, com destaque para IA e big data, redes, cibersegurança e letramento tecnológico. Além disso, relatórios de tendências tecnológicas para 2026 indicam que plataformas de desenvolvimento “AI-native”, modelos de linguagem de domínio, agentes/ multiagentes de IA e segurança em IA serão prioridades nas empresas.
2. Mudança de cenário na aprendizagem e talento
O relatório do LinkedIn mostra que aprender deixou de ser apenas “fazer um curso” e passou a integrar a estratégia de carreira dos
profissionais e a estratégia de retenção das empresas. 88% das organizações estão preocupadas com retenção e consideram a aprendizagem como principal mecanismo para manter talentos.
Para as big techs, isso significa não só buscar habilidades
técnicas específicas, mas profissionais com capacidade de se manterem atualizados, adaptáveis e engajados no próprio desenvolvimento.
3. Habilidades híbridas (tecnologia + humano) em alta
Embora as competências técnicas sejam críticas, habilidades
humanas ou socioemocionais ganham cada vez mais peso à medida que a automação cresce. Segundo o WEF, além das habilidades tecnológicas, “pensamento analítico”, “flexibilidade e agilidade”, e “curiosidade e aprendizagem contínua” estão entre as que mais crescem.
Ou seja, em TI não será suficiente “saber programar bem” ou
“conhecer uma stack”, mas também trabalhar bem com mudanças, aprender rápido, colaborar e atuar em ambientes complexos.
Vale a pena ler: este meu outro artigo – Como a inteligência artificial está democratizando a tecnologia e redesenhando o futuro do trabalho
4. Pressão por adaptação organizacional e de negócio
As empresas enfrentam risco de desajuste entre talentos existentes e os novos modelos de negócio — automação, digitalização, cibersegurança, cloud, IA generativa. 80 % das empresas planejam aprimorar a força de trabalho com treinamento em IA e cerca de dois terços planejam contratar talentos com habilidades específicas de IA. Para os profissionais de TI, isso significa que não basta estar “funcionando bem hoje” — é preciso estar alinhado com onde o negócio está indo, não apenas com o que faz hoje.
Essas tendências combinadas moldam o cenário em que vamos
identificarmos as cinco habilidades chaves para 2026.
As 5 habilidades que serão mais valorizadas em 2026, com foco no profissional de TI
Aqui estão cinco habilidades que se destacam para quem está buscando criar, manter ou alavancar uma carreira no mercado de TI em 2026 .
1. Alfabetização e aplicação de IA e Big Data
A demanda por profissionais que entendem, projetam, implementam e gerenciam soluções de IA e Big Data continuará em forte expansão.
O WEF identifica IA & Big Data como uma das habilidades de crescimento mais rápido.
Para o profissional de TI isso significa: saber modelos básicos de IA/ML, entender pipelines de dados, saber interpretar insights, garantir ética e governança de IA.
2. Cibersegurança, redes e infraestrutura resiliente
Com o avanço do uso de cloud, edge computing, IoT e agentes
de IA autônomos, os riscos relacionados à segurança e à integridade dos dados também crescem. Por isso, dominar esses temas se tornou parte do perfil de um profissional realmente diferenciado. Mesmo quem atua em outras áreas da tecnologia encontra nessas competências um forte diferencial competitivo.
Vale a pena ouvir: esse episódio do Hipsters Ponto Tech, sobre Detecção de vulnerabilidades. Foi uma conversa excelente sobre ferramentas, técnicas e aprendizados necessários para o desenvolvimento seguro de software.
Para o profissional de TI isso significa: entender segurança em ambientes multi-cloud, autenticação forte, proteção de dados, e integridade de sistemas conectados será um “must”.
3. Engenharia de Software/Desenvolvimento de Plataformas ‘AI-Native’
Não basta saber programar: a computação da próxima geração
exige que o desenvolvimento de software seja pensado para IA, agentes multiagente, linguagens específicas (DSLs) e plataformas que suportem aprendizagem contínua.
Para o profissional de TI isso significa: saber combinar stack de desenvolvimento, integração com IA, APIs, automação, agilidade de entrega e talvez menos “código tradicional” e mais “código orientado a agentes/serviços”.
4. Pensamento analítico, sistemas e resolução complexa de problemas
Enquanto as máquinas assumem tarefas rotineiras, o valor humano estará em lidar com problemas complexos, ambíguos, que exigem pensamento sistêmico, análise de dados e adaptação. O WEF destaca “analytical thinking and problem-solving” como entre as habilidades mais requisitadas.
Para o profissional de TI isso significa: saber interpretar métricas, conectar tecnologia ao negócio, propor soluções que vão além do “fazer código”, pensar arquitetura, impacto e geração de valor para o negócio.
5. Flexibilidade, aprendizagem contínua e colaboração multidisciplinar
E por último, mas talvez a habilidade que te ajuda a “ganhar
o jogo” e que permeia todas as outras: a capacidade de aprender rápido, adaptar-se ao novo, colaborar, atuar em ambientes híbridos e com mudanças constantes. O WEF lista “resilience, flexibility and agility” e “curiosity and lifelong learning” entre os mais em crescimento.
Para o profissional de TI isso significa: investir não só em certificações técnicas, mas ter mindset para evoluir, buscar novos domínios, colaborar com áreas de negócio, estar confortável com mudança.
Como começar a se preparar hoje?
Para você, profissional ou estudante de TI, aqui estão sete passos práticos para se antecipar:
1. Mapeie sua lacuna de habilidades: Utilize ferramentas de
autoavaliação (como o “My Skills” do LinkedIn Learning) para identificar onde você está vs. onde precisa estar.
2. Escolha cursos/treinamentos focados nas cinco habilidades:
Por exemplo, cursos de IA/Big Data, especializações em cibersegurança, plataformas de desenvolvimento, treinamentos de pensamento analítico.
3. Tenha projetos práticos: Aprender na teoria não basta. Monte um projeto de IA, ou participe de hackathons, ou implemente um serviço de segurança, ou analise dados reais. Isso diferencia o seu portfólio dos outros profissionais.
4. Cultive o mindset de aprendizagem contínua: Reserve tempo
para ler sobre novas tecnologias, participe de comunidades, experimente protótipos, trabalhe soft skills de adaptação, colaboração, comunicação.
5. Conecte-se ao negócio: Procure entender como as tecnologias que você domina impactam os resultados da empresa. O profissional de TI valorizado entende não só como fazer, mas por que faz aquilo para o negócio.
6. Busque certificações e especializações estratégicas: Por exemplo, certificações em IA, cibersegurança ou cloud que comprovem seu nível e agreguem credibilidade. Trilhas de desenvolvimentos mais completas, como um curso de pós-graduação.
7. Construa rede e visibilidade: Compartilhe aprendizados, participe de comunidades, escreva sobre seus projetos e crie seu portfólio. Em um mercado competitivo, visibilidade conta.

E depois de 2026?
Embora este artigo foque em 2026, é importante ter visão além desse ano, pois algumas decisões que você vai tomar hoje serão mais de médio ou longo prazo.
As tendências indicam que o ritmo de mudança não diminuirá, pelo contrário, deve acelerar com IA generativa, computação quântica, sustentabilidade tecnológica e negócios cada vez mais integrados. Segundo o WEF, cerca de 40 % das habilidades vão estar obsoletas até 2030 se não forem atualizadas.
Assim, o que temos em 2026 como habilidades chaves será a base de entrada para um outro ciclo. Após este ano, estarão em ascensão competências como: ética em IA, sustentabilidade digital, design de sistemas cognitivos, interação homem-máquina mais fluida, privacidade de dados e governança global de tecnologia.
Portanto, o ideal é tratar as cinco habilidades de 2026 como
“campo base”, já com olhos em 2030, construindo uma trajetória de longo prazo de aprendizado e evolução.
Em resumo: 2026 será um divisor de águas para quem já está pensando estrategicamente. Quem inicia agora, com foco e clareza, tem vantagem.
Boa preparação e que você tenha uma carreira de muito impacto à frente!
Autora: Andréa Paiva – Diretora de Pós-Graduação Digital na Fiap (Grupo Alura + FIAP + PM3 + StartSe), onde lidera o desenvolvimento de soluções educacionais que integram teoria e prática, com foco em impacto real na formação profissional. É graduada em Tecnologia pela FATEC SP, Doutora em Administração pela FEA-USP, Especialista em Empreendedorismo pela Babson College e em Gestão de Dados pelo MIT. Possui mais de 20 anos de experiência no ensino superior e atuação em projetos estratégicos em EY, PwC e Accenture. É voluntária no MCIO, como mentora de executivas em transição de carreira, colunista do AI Business Journal e host do The EdUP Experience Podcast, debatendo inovação e futuro da educação. LinkedIn | E-Mail





