Ciclo de Palestras – Empresa Junior FIAP – ADUS (Instituto de Reintegração de Refugiados)
Dando continuidade ao Ciclo de Palestras promovido pela Empresa Júnior da FIAP, em 11 de setembro, alunos de Administração, Engenharia da Computação e Sistemas de Informação puderam assistir à apresentação de Marcelo Haydu, Diretor Executivo da ONG Adus (Instituto de Reintegração do Refugiado). O palestrante trouxe, ainda, um dos beneficiados pela Organização, Eric, da República Democrática do Congo, que relatou a todos seus primeiros momentos no Brasil e a contribuição da ONG para que se estabelecesse aqui.
Haydu explicou que a escolha do nome da ONG se deu por seu significado: “adus é uma palavra em latim que significa acesso, caminho ou entrada”. Ele conta que o intuito da Adus é, justamente, oferecer essa possibilidade de o refugiado encontrar ou construir seu caminho em São Paulo. “Provemos o ensino do português, iniciamos o refugiado no mercado de trabalho brasileiro para que ele obtenha sua própria renda e, através de diversas outras ações, apresentamos nossa cultura a ele”, conta. Um exemplo destas ações é uma parceria firmada com o SESC Itaquera. Todos os refugiados atendidos pela Adus passam um dia inteiro desfrutando das atividades promovidas pelo espaço, de maneira gratuita.
Mostrando a importância deste empreendedorismo social, o palestrante – que é mestre em Ciências Sociais – apresenta dados sobre refugiados no Brasil: são, aproximadamente, 4.700 novos no país a cada ano, vindos de mais de 79 localidades diferentes. Normalmente, eles se escondem em navios para chegar a lugares que, muitas vezes, nem eles próprios sabem. “Já ouvi pessoas dizendo que entraram nas embarcações a caminho ‘da América’ e pensaram que chegariam aos Estados Unidos”, lembra. Ainda segundo Haydu, as viagens da África – país com maior número de saída de refugiados – ao Brasil demoram, em média, de 20 a 40 dias.
Toda fonte de trabalho da Adus é voluntária: em toda a organização não há só um funcionário remunerado. Os apoiadores não contribuem somente com as iniciativas internas da ONG, como têm de “apadrinhar” um refugiado e facilitar seu relacionamento com a Organização e sua reintegração à sociedade. Além do voluntariado, outras parcerias também contribuem para o sucesso do empreendimento, como, por exemplo, com a escola de línguas Wizard, com o cursinho pré-vestibular Do XI, na região central de São Paulo, e a com a Cruz Vermelha, que provém atendimento médico básico aos recém-chegados.
O preconceito também é uma preocupação da Adus, que promove palestras em empresas para conscientização e sensibilização destas com a temática. “Há preconceito e ‘olhares tortos’ por parte de quem não compreende o que é ser um refugiado”, afirma. Segundo Haydu, o crescimento econômico nacional diminuiu a contribuição que empresas internacionais costumam fazer a ONGs brasileiras. Por causa do pouco recurso disponível, o empreendedor ainda diz que se surpreendeu com um ambiente competitivo entre as “não-governamentais”.
No fim da palestra, os estudantes puderam fazer perguntas a Eric. O congolês lembrou-se da situação insustentável que vivia em seu país de origem: “minha vida corria perigo”. A transformação oferecida a ele carece de contribuições, de acordo com o apelo de Haydu por mão de obra na área de administração. Aos estudantes da FIAP, ele fez o convite para integrarem o quadro de voluntários da Organização. Aos interessados, a próxima reunião da Adus acontece neste sábado (14), a partir das 9h40. O endereço da ONG é Rua Rodésia, 398, na Vila Madalena.



