Acerte, mesmo que erre

17 de julho de 2014
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Se há uma palavra que combina com empreendedorismo é dúvida. No início, muitos duvidam que o negócio vai dar certo. Até o empreendedor. Mas, na dúvida, nem comenta consigo mesmo. Porém, as dúvidas começam a aumentar depois que a empresa começa a funcionar. Muitos empreendedores não quebram, morrem afogados em suas dúvidas que se transformaram em dívidas.

Mas há uma regra geral que pode ser seguida por todo empreendedor e assim reduzir suas dúvidas: Faça a coisa certa, do jeito certo e com as pessoas certas.

Fazer a coisa certa é ter foco certo no propósito certo do negócio certo. Um negócio certo se concentra no benefício do produto e não apenas no produto em si. 

Ninguém compra uma furadeira, mas um furo na parede como destacado pelo Prof. Theodore Levitt, autor do artigo Miopia de Marketing, que explica o que é um negócio certo. Um propósito certo vai além do lucro em si. 

Henry Ford defendia que as empresas precisam ter o lucro como objetivo, do contrário, elas morrem. Mas se uma empresa é orientada apenas para ter lucro também morrerá, porque não terá mais nenhum motivo para existir. 

O propósito certo de um negócio é desenvolver clientes como defendido por Peter Drucker há mais de 50 anos. E é preciso ter o foco certo. Todo empreendedor precisa saber e se concentrar nas prioridades que garantirão o próximo estágio de sucesso do seu negócio. 

É o que recomenda Michael Lazerow, um dos principais empreendedores seriais dos Estados Unidos. Se não souber qual é a próxima etapa de sucesso do seu negócio e as três ou quatro iniciativas que levarão a empresa para este patamar, é melhor desistir agora para evitar uma tragédia certa no futuro.

Fazer do jeito certo é fazer a coisa certa da forma certa. E a principal coisa certa que um negócio pode fazer é fazer o produto certo para o cliente certo. O cliente certo é aquele que percebe o benefício do seu produto só de vê-lo. 

Steve Jobs conseguia explicar esta situação na sua mítica frase: Nós fazemos os ícones da tela parecerem tão bons que você irá querer lambê-los! E também resumia a explicação sobre fazer um produto certo: Um ótimo carpinteiro não vai usar uma madeira ruim na parte de trás de uma estante, mesmo que ninguém a veja. 

E ainda é preciso fazer da forma certa como defendido por John Mackey, cofundador da The Whole Foods, uma das empresas mais honestas dos Estados Unidos: Não há nenhum motivo aparente para que um negócio não possa ser ético, responsável socialmente e lucrativo.

E, por fim, é preciso fazer com as pessoas certas. E a primeira pessoa certa é o próprio empreendedor. Saberá se é a pessoa certa se concordar com Luiz Seabra, cofundador da Natura: Eu era obstinado, estava completamente apaixonado e percebia a oportunidade que havia ali. 

Quando existe um sonho que não sai da sua cabeça, não deixe nada lhe abater pelo caminho. Você deve ser a melhor pessoa para o seu negócio. Mas ser o melhor não basta. 

Sonhe grande, cerque-se de pessoas melhores do que você e trate todo mundo como gostaria de ser tratado. 

“Acredite em estar junto a pessoas melhores do que você, com qualidades e conhecimentos diferentes dos seus” é uma das recomendações de Beto Sicupira, um dos principais empreendedores brasileiros.

Se fizer tudo certo, não se arrependerá, mesmo que dê errado!

 

Marcelo Nakagawa é diretor de empreendedorismo da FIAP, além de atuar como professor de empreendedorismo e inovação nas principais escolas de negócio do país. É membro do conselho da Artemísia Negócios Sociais e da Anjos do Brasil, mentor do Instituto Empreendedor Endeavor, coordenador acadêmico do Movimento Empreenda da Editora Globo, colunista do Estadão PME e da revista Pequenas Empresas, Grandes Negócios. É pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Gestão Tecnológica e Inovação da USP. Possui mais de 20 anos como executivo, tendo atuado nas indústrias financeira/bancária, consultoria empresarial, venture capital, inovação e private equity. É doutor em Engenharia de Produção (POLI/USP), mestre em Administração e Planejamento (PUC/SP) e graduado em Administração de Empresas. Autor do livro Plano de Negócio: Teoria Geral (Editora Manole, 2011) e co-autor dos livros Engenharia Econômica e Finanças (Elsevier, 2009), Sustentabilidade e Produção: Teoria e Prática para uma Gestão Sustentável (Atlas, 2012) e Empreendedorismo inovador: Como criar startups de tecnologia no Brasil (Evora, 2012).

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