Celebre seus fracassos

19 de janeiro de 2015
Compartilhe

Este é um bom momento para você escrever um currículo só com seus fracassos! Não aprendemos isso na faculdade, a não ser que tenha sido aluno da professora Tina Seelig, da Universidade Stanford. Celebrar fracassos aumenta nossas chances de conseguir um novo emprego ou construir um negócio melhor.

 

Todo headhunter vai questionar você a respeito dos seus fracassos. Ele ou ela não quer que você se humilhe, mas que mostre a sabedoria desenvolvida a partir destes eventos. Se você tem ou pretende abrir um negócio, saiba que o fracasso é algo presente na trajetória de todos os empreendedores. Alguns sabem lidar com isto, outros não.

 

Thomas Edison costumava dizer que nunca tinha fracassado na vida. “Eu só encontrei 10 mil alternativas que não funcionaram”, dizia.

 

Ele era tão obcecado em criar, testar, descartar ou produzir uma invenção que costumava dormir no laboratório. Com isso, fundou a GE, uma empresa que hoje fatura mais de US$ 150 bilhões e provocaria o caos na Terra se deixasse de existir.

Edison tinha um grande amigo, também muito bom em fracassos. Sua primeira empresa, a Detroit Automobile Company, faliu três anos após ser aberta. Não satisfeito, o amigo colocou o próprio nome em sua próxima empresa, que foi batizada de Henry Ford Company.

 

Ela fracassou ainda mais rapidamente: em menos de dois anos já tinha falido. Seguindo a lógica do provérbio japonês “se cair duas vezes, levante três”, no ano seguinte o amigo de Edison fundou a Ford Motor Company.

 

Se você acha que o resto é história, lembre-se que foi o modelo T que tornou Ford uma lenda. Porém, ele não foi seu primeiro carro. Qual letra você imaginaria que Ford escolheu para seu primeiro veículo? Pois é, Henry Ford vendeu 1.750 carros com seu primeiro modelo A. Do seguinte, o B, foram vendidas 500 unidades. Não satisfeito, ele lançou o Ford C e vendeu 800 veículos. O alfabeto evoluiu de 1903, com o A, até 1908, ano de lançamento do Ford T, que se tornou lendário com seus 15 milhões de unidades produzidas.

“Fracasso é somente uma oportunidade para começar novamente de forma mais inteligente”, acreditava Ford.

 

Poucos anos depois, quando Edison e Ford já estavam consolidados como exemplos de sucesso, outro empreendedor também passou a celebrar o fracasso. Ao assumir o comando da empresa que viria a ser a IBM, Thomas Watson espalhou diversos cartazes na empresa. Um deles dizia: “Perdoamos fracassos que tragam aprendizados.” Quando se tornou um empreendedor de sucesso e passou a ser questionado como conseguiu tal proeza, Watson explicou: “Isto é muito simples, mesmo. Dobre a sua taxa de fracasso. Você pode imaginar que o fracasso é o inimigo do sucesso. Não é. Você pode ficar desencorajado pelo fracasso ou você pode aprender com ele.”

 

Desde então, saber celebrar fracassos se tornou um dos pilares de sustentação dos melhores empreendedores e executivos. Isso é resumido no lema de David Kelley, fundador da Ideo, a atual referência mundial em inovação: “Fracasse mais para ter sucesso logo!”

 

Marcos Hashimoto, amigo e professor de empreendedorismo, afirma que, na verdade, só um há tipo de pessoa que fracassa: “Aquela que não consegue aprender com seus próprios erros”.

 

Marcelo Nakagawa é diretor de empreendedorismo da FIAP, além de atuar como professor de empreendedorismo e inovação nas principais escolas de negócio do país. É membro do conselho da Artemísia Negócios Sociais e da Anjos do Brasil, mentor do Instituto Empreendedor Endeavor, coordenador acadêmico do Movimento Empreenda da Editora Globo, colunista do Estadão PME e da revista Pequenas Empresas, Grandes Negócios. É pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Gestão Tecnológica e Inovação da USP. Possui mais de 20 anos como executivo, tendo atuado nas indústrias financeira/bancária, consultoria empresarial, venture capital, inovação e private equity. É doutor em Engenharia de Produção (POLI/USP), mestre em Administração e Planejamento (PUC/SP) e graduado em Administração de Empresas. Autor do livro Plano de Negócio: Teoria Geral (Editora Manole, 2011) e co-autor dos livros Engenharia Econômica e Finanças (Elsevier, 2009), Sustentabilidade e Produção: Teoria e Prática para uma Gestão Sustentável (Atlas, 2012) e Empreendedorismo inovador: Como criar startups de tecnologia no Brasil (Evora, 2012).

 

Nosso site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.

Prosseguir