Desafios da Administração na 4ª Revolução Industrial: Administração de empresas ou design de plataformas de negócios?

25 de julho de 2016
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A única coisa constante no mundo é a mudança (Heráclito de Efeso, 540 a.C. – 470 a.C., filósofo pré-socrático). Sempre foi assim e parece que sempre será. Então, qual é a novidade? A novidade é a velocidade dessas mudanças. As tecnologias exponenciais estão transformando a economia e as empresas tão rapidamente que precisamos rever nossas teorias e ferramentas de gestão de negócios. E como podemos nos adaptar a essa nova realidade? Essa é a reflexão que este artigo propõe.Durante as últimas décadas, as empresas – especialmente as grandes – se dedicaram a maximizar seus resultados através da busca pela excelência, com foco na melhoria dos processos, do aprimoramento de seus produtos e serviços e na satisfação de seus clientes. Isso fazia todo o sentido para aumentar sua competitividade no mercado nas últimas décadas, como afirmou o professor Prahalad, em seu artigo publicado na Harvard Business Review, The core competences of the corporation. As teorias da Administração também se preocupavam com a análise do ambiente externo e interno da organização, para identificar seus pontos fortes e fracos, ameaças e oportunidades, a conhecida análise SWOT (do inglês, Forças – Strengths -, Fraquezas – Weaknesses -, Oportunidades – Opportunities – e Ameaças – Threats). Após análise estratégica, planejamento estratégico bem detalhado para minimizar os riscos. o planejamento plurianual para cinco anos ou mais era eficiente, e mesmo não sendo uma ferramenta exata, dada a dificuldade de fazermos previsões, muitas vezes era eficaz.Não podemos nos esquecer que o desenvolvimento das ciências da administração aplicadas no mundo eminentemente organizacional que vivemos hoje possibilitou o suporte ao crescimento da população mundial de 1,5 bilhão de pessoas para quase 8 bilhões em apenas um século. E foi nesse mesmo século XX que a humanidade passou por duas Guerras Mundiais, consolidou a Revolução Industrial e dos Serviços, chegou à Lua e desenvolveu a maioria das descobertas científicas que suportam nosso desenvolvimento atual. É inegável que a capacidade de criar, empreender, inovar e administrar grandes organizações deu grandes saltos nas últimas décadas.E agora? Por que as empresas parecem estar com dificuldades nesse processo de planejamento estratégico? A resposta para isso é o fenômeno das tecnologias exponenciais, tais como a Inteligência Artificial, a Robótica, a Biotecnologia, as Impressoras 3D, o Big Data, dentre outras, além do “empoderamento” das pessoas que estão cada vez mais conectadas e providas de informações e ferramentas para fazer de tudo pela web – fenômeno discutido no ultimo Fórum Econômico Internacional, realizado em Davos, no início deste ano. A realidade muda tão rápido, que muitas vezes não há tempo para buscar a excelência. O ciclo de produtos e serviços é tão rápido, que unidades de negócios e empresas serão extintas muito antes da fase de maturidade. Agilidade passa a ser a palavra de ordem. O grande desafio é acelerar a compreensão sobre as transformações do ambiente externo e criar novos produtos, serviços ou até mesmo empresas com a velocidade que as pessoas realmente precisam.Estamos falando de um novo conceito de administração, que reúne o “customer centricity”, – a centralidade no cliente – ao espírito empreendedor e às técnicas de design, prototipação e validação de ideias. Para atender as expectativas de clientes que mudam com extrema velocidade, é preciso aprender a trabalhar em cenários de extrema incerteza, utilizando ferramentas mais ágeis de gestão para criar produtos e serviços que resolvam assertivamente a necessidade das pessoas, com soluções criativas, tecnológicas, com proposta de valores significativas. E então, chegamos à reflexão central do artigo, que é pensar em administrar empresas como designers, de forma mais colaborativa. As empresas dos mais variados setores precisarão aprender a trabalhar em equipes, não apenas os times internos das organizações, mas liderar equipes de diferentes organizações em conjunto, fomentando o conceito de open innovation e economia compartilhada corporativa.Uma ferramenta bastante ágil para criação de ideias inovadoras para soluções de problemas, criação de produtos e serviços de alto valor é o Design Thinking, nome da obra de Tim Brown, ex-CEO da Ideo, uma das empresas mais inovadoras do mundo. Essa é apenas uma das ferramentas que estão se popularizando no mundo corporativo, assim como o Business Model Generation, uma ferramenta para validação de ideias de negócios inovadoras criada pelos professores Alex Osterwalder e Ives Pigneur, dentre tantas outras.A utilização de ferramentas mais hands on para o desenvolvimento de novos negócios em grandes organizações ou em novas organizações, sem tanta pesquisa e desenvolvimento como no passado, pode ser uma das estratégias de negócios importantes a serem consideradas na gestão ou no design das novas empresas, que chamamos aqui de plataformas de negócios porque elas se parecem cada vez mais com as plataformas de sistemas de tecnologia da informação, que precisam de atualização e novas versões ano a ano, para melhoria de seus resultados e sua própria sustentabilidade.Prof. Dr. Cláudio Carvajal – Professor e Coordenador Acadêmico na FIAP. 

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